Um anjo na cova dos leões

Blog By abr 10, 2014

Um anjo na cova dos leões

Capítulo 6 (v. 1-28)

Um olhar vazio. Seu coração não poderia estar mais inquieto. Nem mesmo na posse ele estava tão contrariado. – “Eu assinei um decreto, não posso voltar atrás! Não é culpa minha, mesmo…”. Com olhos fitos num futuro distante, Dario tentava se convencer de que sua assinatura não lhe traria o mal que sabia ser iminente. Nada era como antes. O seu melhor servo estava na cova dos leões, e nem mesmo os deuses poderiam livrá-lo. – “Poderá o Deus de Daniel livrá-lo de tamanha tormenta?”. Os pensamentos jorravam em sua mente e a inquietude lhe tomava o corpo de uma forma não anteriormente experimentada. Impossível seria sentir o gosto da comida ou apreciar as belas notas de instrumentos musicais. O sono lhe parecia mais distante que a possibilidade de Daniel vencer a batalha com bravos leões, e ele sabia: -“A culpa é minha”.

Sem qualquer sensação de culpa ou dúvida, pôs-se de joelhos pela terceira vez naquele dia – como era de costume – para orar ao seu Deus. Daniel não sentia medo. Muito menos cogitou a possibilidade de desonrar ao seu Senhor celestial para agradar ao senhor terreno. -“Deus já mostrou Seu poder a mim. Me livrará mais uma vez.” A certeza e confiança de Daniel eram invejáveis. A fidelidade a Deus e a forma como honrava ao Senhor seriam dignas de serem registradas em escritos. Sabia do amor do Pai por sua alma, e não temia a morte, pois com ela Deus apenas estaria cumprindo Sua vontade; e isso já lhe dava paz. A cova foi selada e, pouco a pouco, a luz se tornou breu. O rugido dos leões assustava, mas, antes que percebesse, o breu deu lugar à luz. Indescritível a sensação. Um ser alto, gigante, cheio de luz e paz. Com uma espada de fogo nas mãos, o anjo selou aquilo que era dantes terrível: a boca dos leões. O silêncio deu as caras, o medo deu lugar à paz. -“Deus me vê sem culpa”.

Embora houvesse passado a noite em claro, Dario não dava sinais de que havia cansaço em seu corpo. Assim que o dia raiou, correu em direção à cova e esperava ouvir gritos de uma voz conhecida. O silêncio lhe trouxe o medo e não a paz, assim como fora com Daniel. Não ouvir a voz do seu melhor servo lhe trouxe, por instantes, calafrios. A expectativa dos invejosos era maligna e Dario não se agradava do que via e ouvia. -“Espero que o idólatra esteja morto.” – “Ele merece mais que a cova dos leões”. Dentre eles, alguns presidentes e príncipes se destacavam por sua maldade. Dario ordenou a retirada da pedra. O que viu lhe espantou. Daniel estava vivo, são e salvo. -“Não há do que me culpar”.

De súbito, Dario ordenou que os presidentes e príncipes fossem lançados na cova, de modo que perecessem por acusar Daniel injustamente. O rei reconheceu a soberania de Deus e Daniel continuou a prosperar em tudo o que fazia, pois sua fidelidade a Deus era verdadeira e inabalável.

O texto acima é uma releitura do capítulo 6. É importante que você leia o capítulo para entender os detalhes, e não tome minha versão como oficial. Muito do que está escrito acima é fictício, apenas para incrementar a história. O capítulo-chave do nosso estudo finalmente chegou. Um anjo estava na cova dos leões. Novamente, uma terceira pessoa interveio; mais uma vez Deus foi fiel. O mais importante é reconhecer que Daniel jamais deixou de honrar a Deus, mesmo nas dificuldades, mesmo quando ele tinha todos os motivos do mundo para fazê-lo. É bom aprendermos com esse rapaz, pois precisamos saber que Deus estará conosco todos os dias das nossas vidas, mesmo quando a circunstância disser que não.


Confira os outros textos da série sobre Daniel:

Cap. 1 – Daniel: muito mais que a cova de Leões (1)
Cap. 2 – Daniel: muito mais que a cova de Leões (2)
Cap. 3 – Quem não tem ídolos?
Cap. 4 – Desfaze os teus pecados
Cap. 5 – Santo e Profano
Cap. 7 – Fechando o coração
Cap. 8 – Qual a sua oferta?
Cap. 9 – Aprendendo a Orar
Cap. 10 – Compreender e Humilhar
Cap. 11 e 12 – Daniel sai da cova dos leões