Proibido para menores de 18 anos? (Parte 1)

Proibido para menores de 18 anos? (Parte 1)

Blog By abr 02, 2015

Proibido para menores de 18 anos? (Parte 1)

Olá, pessoal! Estou iniciando uma série que vai exigir muita, mas muita oração e coragem para escrever. É um assunto extremamente delicado, pouco abordado e requer cautela. Vou estar falando sobre a pornografia, masturbação, entre outros, e a visão bíblica dos assuntos. Digo que requer coragem, pois o tema é difícil e, para mim, pessoalmente, um desafio. Em efeito, é um tema desafiador para aproximadamente 60% dos homens e 15% das mulheres, números estes que indicam o consumo da pornografia. São, de fato, estatísticas americanas. No entanto, se levarmos em conta a experiência empírica, sabemos que há, sim, uma luta Cristã contra esse pecado obscuro. Seremos cautelosos, mas falaremos a respeito de muitos assuntos. O objetivo principal é chamar a atenção de todos a uma verdade: a pornografia invadiu a Igreja de Cristo. O que estamos fazendo a respeito? E nós, somos vulneráveis? Caímos também? Como seremos libertos de algo tão sutil? O primeiro texto da série se chama “Proibido para menores de 18 anos?”, em referência à censura dada aos “filmes adultos”. Será que homens e mulheres com idade superior a 18 anos dispõem de um domínio próprio maior, uma psique estabelecida e uma blindagem aos malefícios do “conteúdo adulto”? Se você quer entender melhor e aprender a dizer não ao pecado, vamos juntos ter essa conversa, aberta, sem medos.

Devo advertir o seguinte: aqueles que nunca acessaram esse tipo de material, não o façam! Jesus falou sobre o adultério, mas não sugeriu o pecado. Paulo fala sobre as imoralidades, mas não incentiva as mesmas. Oro para que essa série não desperte qualquer tipo de curiosidade para o mal em você! Lembre-se, a obediência é sua amiga e depende apenas de você. Não esqueçam o que Deus diz em Romanos 19!

O que é a pornografia?

Falar sobre pornografia não é um assunto fácil. Digo isso, porque é absurdamente ampla a discussão a seu respeito. Há várias formas de encará-la: como um pecado em si, como sendo a consequência de um pecado maior, o resultado de abuso sexual, carência familiar, entre outros. É um assunto bastante delicado que requer uma série de cuidados na abordagem. Apesar desse receio, vou encarar os obstáculos, negar meus próprios medos e complexos, e abrir essa discussão tão importante.

Já fiz um texto falando da luxúria (acesse aqui). Sugiro sua leitura prévia. A luxúria é um pecado sorrateiro. Sem entrar nos detalhes, que já foram mencionados no texto anterior, a sensualidade é parte essencial da nossa sociedade. Sem os corpos esbeltos e expostos nos outdoors, propagandas, filmes, programas de televisão, o mundo seria completamente diferente. Especialmente aqui no lado ocidental. Uma série de mudanças radicais ocorreriam na sociedade e cultura, desde o padrão de beleza até o relacionamento íntimo entre homem e mulher.

Mas a pornografia é um dos muitos braços da luxúria. A palavra vem do grego porne e graphein, significando literalmente escrever sobre prostitutas [1]. Apesar de ser comum nos dias de hoje, imagens de sexo explícito nem sempre foram algo acessível a apenas um clique de distância. E a pornografia acabou se tornando uma indústria realmente lucrativa. De acordo com o Doutor William Struthers, em Wired for Intimacy: How Pornography Hijacks the Male Brain (sem tradução para o português) [1], o tamanho estimado da indústria do sexo é de aproximadamente US$ 57 bilhões. Ou seja, há um forte investimento nesse pecado que, sem vergonha, tira a sexualidade humana do seu contexto natural e a torna um produto a ser comercializado.

Talvez o maior problema da pornografia seja a forma como ela transforma o nosso cérebro e modifica a natureza das nossas relações. Em um detalhado estudo, Struthers discute essa questão, demonstrando os efeitos nocivos que a pornografia tem no nosso corpo, especialmente no nosso cérebro. Essencialmente, a conclusão é de que a exposição constante pode levar o ser humano a um estado vicioso, semelhantemente ao que ocorre com drogas, como álcool, cocaína e heroína.

Isto é, a pornografia pode sim se tornar um vício. Não imediatamente, mas após o consumo excessivo das imagens e vídeos, o ser humano pode ser escravizado por um tipo de comportamento perigoso, levando à depressão e a outros problemas sérios, especialmente no que se refere aos relacionamentos. Eu sinto que o tema ainda é um sério tabu, pouco falado nas Igrejas e, principalmente, entre os jovens. Geralmente, é muito difícil para um jovem Cristão sincero, abrir-se para o seu pastor ou líder, ou até mesmo para um amigo de confiança, a respeito desse pecado. A vergonha é tão grande que, frequentemente, as pessoas são impedidas de serem vulneráveis a ponto de expôr uma prática tão secreta. E a pornografia não é exclusividade dos homens. No caso das mulheres, o medo é ainda maior, pois se espera, socialmente falando, que a mulher não enfrente esse tipo de problema, uma vez que seus impulsos sexuais são “mais restritos”. É uma inverdade, que acaba colocando um peso enorme sobre os ombros femininos, transformando um pecado em trevas cada vez mais densas.

Inúmeras pesquisas foram realizadas nos EUA e mostram o poder da pornografia no meio Cristão [2], [3], [4]. No Brasil, ainda se sabe pouco em números a respeito do assunto. Sabe-se que um grande número de membros, pastores e Cristãos de modo geral são envolvidos pelas garras da pornografia. Apesar do claro conhecimento e entendimento de que há pecado na prática, ela parece se tornar cada vez mais um sério problema dentro da Igreja de Cristo. Portanto, não estamos livres de cedermos a esse pecado tão obscuro. E precisamos entendê-lo e combatê-lo.

O pecado 

Não sei se há grandes dúvidas se a pornografia é ou não pecado, mas julgo importante analisarmos a Palavra de Deus a respeito. Conforme eu já expliquei nos parágrafos introdutórios do meu texto Usos e costumes: o Cristão pode beber?, há pecados que não estão explícitos na Bíblia. É o caso de vícios em drogas, a masturbação, entre tantos outros, incluindo a própria pornografia. Pra ser mais específico, há um livro inteiro dedicado ao sexo no Antigo Testamento. Ao ler o livro de Cantares (ou Cântico dos Cânticos de Salomão), entendemos a natureza pura e aprovada por Deus do sexo entre marido e mulher.

O sexo é parte do casamento, assim como a comunhão, os abraços, os filhos, as lutas e tudo o que envolve o matrimônio. Não é mais ou menos importante. Não deve ser entronizado e visto como um fim em si mesmo. É parte de um todo, um contexto. Também não pode, jamais, ser comparada a uma necessidade fisiológica básica, como ir ao banheiro, por exemplo. De igual modo, não pode ser comparado ao desejo por água e alimento, uma vez que não se morre pela abstinência sexual. Concluímos, logicamente, que o sexo é importante, na hora certa. Apenas para deixar bem claro, se tivermos intestino preso ou se deixarmos de nos alimentarmos, iremos morrer! A castidade pode ser uma benção e não deve ser encarada como um bicho de sete cabeças.

Uma vez que entendemos que o sexo é bom – e não essencial à vida humana – no casamento entre homem e mulher, precisamos compreender a sua distorção pecaminosa. Como é possível que algo bom seja pecado? Em inúmeras ocasiões, essa distorção ocorre. Comer é ótimo, mas comer em excesso é prejudicial. Ter dinheiro para realizar sonhos e ser generoso é maravilhoso, mas a ganância e a avareza são nocivos. O sexo é ótimo, mas a luxúria, sua distorção, é completamente perigosa.

Agora, precisamos entender o que a pornografia representa nesse meio todo. Essencialmente, a pornografia exibe corpos nus, seja em atividade sexual ou não. Seu objetivo geral é criar comportamento de excitação sexual em quem a consome. É “apimentar” a relação, expondo uma mentira descarada. A nudez pornográfica é manipulada, estática, resultado de anos de experiência por parte de produtores e fotógrafos, que captam as imagens que mais intrigam e mexem com a sexualidade do homem – aqui, me refiro ao ser-humano. A pornografia que exibe a atividade sexual é outra mentira, pois não há amor ou sequer qualquer espontaneidade nessa relação íntima. Tudo é formatado e ajeitado para que o espectador possa ser excitado ao máximo, ativando hormônios e enzimas que geram um alto prazer. É tudo, menos sexo.

Vamos lembrar um pouco sobre o que a Bíblia nos fala da impureza sexual, da fornicação e do adultério (todos juntos podem ser vistos na pornografia):

“Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.” – Mateus 5:28 (NVI)

“Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria.” – Colossenses 3:5 (NVI)

“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.” – 1 Coríntios 6:9-11 (NVI)

“Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo. ” – 1 Coríntios 6:18 (NVI)

Esses são apenas alguns dos muitos textos que tratam da imoralidade, fornicação e adultério. Em efeito, podemos concluir que a pornografia é, sim, pecado. Não há qualquer razão para pensarmos que devemos, de alguma forma, consumir esse tipo de conteúdo. Não estou dizendo que é fácil ou simples abandonar a prática, mas é necessário para uma vida de honra a Deus.

Para finalizar a nossa primeira conversa, quero convidar você a questionar o senso comum. Primeiro, ore a Deus e peça direção sobre o que você tem consumido. Quais são as práticas, os filmes, as novelas que você tem assistido e que tem lhe afastado do Pai. Reflita no que aprendemos até agora, lembrando que Jesus morreu por todos os pecados, inclusive este. Aprendemos, até aqui, o que é a pornografia e que ela é um pecado perigoso. Na próxima semana, vamos conversar sobre os seus efeitos na vida das pessoas (Cristãs ou não) e como podemos nos libertar desse mal.

[1] Struthers, W.. Wired for Intimacy: How Pornography Hijacks the Male Brain

[2] http://noticias.gospelprime.com.br/pesquisa-americana-revela-alto-indice-de-cristaos-viciados-em-pornografia-pela-internet/

[3] http://noticias.gospelmais.com.br/pesquisa-metade-homens-consome-material-pornografico-70680.html

[4]http://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/nos-eua-pesquisa-revela-que-quase-80-dos-homens-cristaos-consomem-pornografia.html#.VRrZzvnF-6w