“Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.” Tiago 4.14 (NVI)
Um bom texto começa com um bom título. Achei que reiniciar as atividades com esse tema seria algo interessante. Passei uma semana na praia, ao lado dos meus amados, curtindo e vivendo a vida. Lembro que no primeiro dia a vontade era de que o tempo fosse infinito e a sensação de passagem fosse a mínima possível. Infelizmente, apesar dos ótimos momentos, a praia passou. Passou, também, quase um ano desde que eu comecei a namorar; quase dois anos desde que voltei da minha viagem aos Estados Unidos; quase 26 anos desde que minha mãe pôde contemplar meu rosto enrugado num leito do Hospital Tacchini; quase um ano desde que o Brasil perdeu por 7 x 1; 12 anos de PT no poder do Brasil; 50 anos desde a ditadura militar; aproximadamente 50 desde que a paralisia infantil teve seus dias de carrasco contados. Alguém aí lembra quem ganhou o primeiro BBB? E o ebola, a nova epidemia mundial, cadê? É, tudo passa.
É uma frasola. Em inglês, seria chamada de phrase, por não contemplar a completude de uma sentence. Tudo passa é uma expressão tão antiga e piegas que até já carrega a piada consigo: até uva passa. Mas o impacto dela foi revelador na minha vida. Em determinado momento, lá no passado, meu padrinho disparou a afirmação, num momento em que eu realmente precisava ouvir aquilo. Apesar da simplicidade, eu nunca havia pensado naqueles termos e, até hoje, esse impacto permanece em mim e nas minhas atitudes.
Tenho que lembrar constantemente que tudo passa. Assim como os exemplos que dei acima, até mesmo os maiores males passam. As dores, dificuldades, virtudes e bonanças. Tudo, absolutamente, passa. Um namoro passa e se torna casamento. O casamento passa e se torna legado. As guerras passam e as pessoas também. A fome deixa de existir, o dia escurece e clareia. O prazer desliza, as festas somem, os amigos batem em retirada. Tudo, absolutamente, volto a dizer, passa. E as nossas vidas, passam?
Não sabemos o dia da partida. Pode ser amanhã ou daqui a 50 anos. Nem ao menos podemos medir e estimar o quanto viveremos. Só há uma certeza: a vida passa. O tempo não deixa rastros, ele anda sem pena. Uma vida pode passar de duas formas: com ou sem desperdício. Uma vida pode ser completamente desperdiçada ou completamente aproveitada. Não há formas palpáveis de medir o quanto desperdiçamos nossa vida, mas nossa consciência diante de Deus nos mostra e aponta em qual grau possamos estar.
Se tudo passa, é melhor que passe bem. A praia passou, as férias se foram e a vida continua. Mas ela vai passar, deixar história e dar lugar a novas vidas. Não há uma fórmula para aproveitar bem isso tudo. Não há um só incentivo a perseguir, uma só realidade a buscar. Existe uma série de atitudes que podemos tomar a fim de não deixar a vida passar por nós, enquanto somos espectadores do nosso próprio filme. Jesus passou, mas vive. A eternidade não passa, ela espera por nós. Viver para a eternidade pode ser uma boa dica de como não desperdiçar nossas vidas. Se tudo passa, não passe a viver como se nada passasse.